Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

O PERIGO AMARELO NO ESTADO DO PARANÁ: UMA NOVA FASE DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL

 

Os imigrantes japoneses buscaram alternativas para se desvencilhar do trabalho nas fazendas monocultoras, principalmente aquele relacionado à cultura do café. Dentro destas saídas, estava a compra de terras para o cultivo de gêneros que atendessem mais às suas necessidades e interesses, mas muitos não conseguiram concretizar este plano devido aos vários empecilhos impostos por suas condições de vida nos latifúndios paulistas. Porém, havia uma questão que provavelmente muitos deles não sabiam: esta possibilidade de trabalho reservado aos nipônicos em pequenas unidades de produção familiar já estava prevista desde o primeiro contrato de imigração, assinado em 1907 entre o governo paulista (na figura do presidente do estado, Jorge Tibiriçá, e do secretário de agricultura, Carlos Botelho) e a Companhia Imperial de Emigração (representada por seu presidente, Ryo Mizuno, considerado uma espécie de “patrono da imigração japonesa no Brasil”) (NOGUEIRA, 1984, p. 97). Segundo Nogueira, mais especificamente:


·     “O contrato previa, igualmente, a localização de japoneses em núcleos coloniais e, nesse sentido, o governo incumbir-se-ia de criar tantos núcleos quantos fossem necessários às margens da Estrada de Ferro Central do Brasil.

·     Os lotes variariam entre dez e quinze hectares, de acordo com o número de membros de cada família. O preço estabelecido foi de quarenta mil réis o hectare pagos, no máximo, em três prestações e dentro de, no mínimo, cinco e, no máximo, dez anos.

·     O primeiro ano de alojamento correria por conta do governo.

·     Para que o imigrante pudesse adquirir um lote era exigido que tivesse concluído, pelo menos, uma colheita de café e que não tivesse dívidas.” (NOGUEIRA, 1984, p. 98)


Desta forma, percebemos que o imigrante seria obrigado por força contratual a passar um período mínimo na lavoura cafeeira assim que chegasse ao Brasil. Mesmo com as exigências expostas por Nogueira, a contrapartida do estabelecimento destes trabalhadores nos chamados “núcleos coloniais” e a venda das terras para os mesmos não parecia ser uma prioridade por parte do governo do estado de São Paulo, pois isto aumentaria a mobilidade dos japoneses e desfalcaria a força de trabalho nos cafezais. Quando os fluxos de deslocamento nipônico interno se intensificaram nesta região em direção a outras, houve descontentamento por parte dos fazendeiros e autoridades paulistas, como no momento em que “Paulo de Morais Barros, Secretário da Agricultura, foi taxativo ao declarar que o alto grau de mobilidade dos japoneses, calculada em 40% antes do término do contrato, levou o governo paulista a desistir de continuar subsidiando a vinda de asiáticos.” (NOGUEIRA, 1984, p. 105).

Ou seja, se de um lado temos a falta de suporte e acompanhamento adequados nesta etapa inicial do fenômeno imigratório japonês no Brasil por parte do governo nipônico, e do outro a falta de interesse das autoridades brasileiras em fazer valer os termos específicos do contrato de imigração já citados (a cobrança de sua execução era uma das atribuições a se esperar do governo japonês como forma de resguardar seus cidadãos) por não ser vantajoso para si mesmas, percebemos que o japonês era (assim como os demais imigrantes), dentro desta perspectiva, um aventureiro que buscava sua própria sobrevivência frente a muitas dificuldades encontradas neste contexto. 

No momento em que discutimos o fenômeno imigratório japonês em seu momento inicial, também lançamos mão do conceito de “imigração tutelada” proposto por Célia Sakurai, que ela define da seguinte forma:

 

“A imigração tutelada, conceito que propus (Sakurai, 1999), caracterizou a imigração japonesa no Brasil e em outras partes da América Latina como no México, Colômbia, Paraguai, Bolívia até o início da Segunda Guerra Mundial. Ela é definida como aquela que oferece amparo, orientação, ajuda e gerenciamento aos imigrantes, estruturando-se numa “cadeia de relações montada a partir do topo da estrutura estatal japonesa até chegar aos imigrantes no Brasil. O governo japonês, por intermédio de seus diferentes ramos e agentes, participou explicitamente no processo de fixação destes imigrantes…” (Sakurai, op. cit.: 202).” (SAKURAI, 2000, p. 85)

 

Quando Sakurai fala de imigração tutelada, devemos ter em mente um projeto elaborado pelas autoridades japonesas a fim de atender as necessidades elementares dos trabalhadores nipônicos que deixaram seu país em busca de melhores condições de vida em outro completamente diferente do seu. Apesar deste projeto de imigração tutelada por parte do governo japonês não ter sido praticado de forma contundente nos primeiros anos do fenômeno imigratório nipônico, é dele que vem a dinâmica encontrada nos anos seguintes em vários aspectos nas vidas destes trabalhadores.

Foi mediante a execução deste projeto de imigração tutelada que os trabalhadores japoneses se reuniram em moldes de ocupação como os núcleos coloniais e colônias, fortalecendo os laços entre si e se isolando, em certa medida, das outras comunidades imigrantes e dos brasileiros. Com o aumento da existência destes formatos de moradia e sociabilidade, os críticos a respeito da não-assimilação cultural dos japoneses com os outros povos enxergaram aí argumentos que reforçavam o seu ponto de vista, sendo um combustível para a escalada xenófoba que já havia dado as caras anteriormente e ainda veria a sua pior face durante o conflito mundial subsequente.

A implementação do projeto de imigração tutelada configura-se também como um trunfo para incrementar a economia da potência imperialista japonesa em ascensão. A retomada da imigração nipônica no Brasil (após um período de suspensão devido às más condições enfrentadas pelos japoneses) acontece permeada também com estes interesses que, assim como a problemática da assimilação cultural, passa aos poucos a preocupar as elites brasileiras com tamanha influência do governo japonês em atividades econômicas aqui desenvolvidas e da ocupação de territórios estratégicos com as tais colônias. Sakurai corrobora com isso quando diz que:

 

“São as colônias administradas por companhias de colonização orientadas pelo Ministério do Interior e das Relações Exteriores do Japão que são o alvo das inquietações das elites brasileiras na década de 1930. Isto porque estão localizadas no estado de São Paulo, já na época, o centro econômico do país, e na Amazônia, região desde sempre considerada estratégica no mapa geopolítico do país. Os japoneses se instalam em áreas que chamam a atenção, e mais, adquirem visibilidade também por introduzir novos produtos na pauta de exportações do país.” (SAKURAI, 2000, p. 86)

 

Temos aqui mais dois aspectos que ajudariam a configurar posteriormente, aos olhos das elites e das autoridades brasileiras, os trabalhadores japoneses como ameaças aos interesses de seu país: a ocupação de territórios considerados como estratégicos e a participação mais efetiva na economia do país com a introdução de novos gêneros alimentícios e outros produtos. Podemos, neste momento, somar a estes dois elementos a questão da assimilação cultural e a da diminuição da mão de obra barata nas fazendas para fecharmos neste momento uma espécie de “pacote nipônico ameaçador”, que veremos posteriormente ganhar força com o termo “perigo amarelo”.

A manifestação mais antiga desta expressão que se tem registro é a do Kaiser Guilherme II, líder do II Reich alemão que, em 1894, mencionou o “perigo amarelo” (gelbe Gefahr) como uma ameaça aos planos do czar Nicolau II da Rússia. Este tinha interesses na China, assim como o Japão, por isso Guilherme II manifestou sua repulsa aos nipônicos como forma de obter uma aliança com o líder russo. (DEZEM, 2005, p. 147-149). Nos Estados Unidos, este termo ganhou força graças aos esforços do magnata da imprensa William Randolph Hearst, dono de vários jornais como o San Francisco Examiner. Foi neste periódico que, em 1905, uma caricatura de um soldado japonês como um elemento ameaçador foi publicada, abrindo espaço para uma série de obras veiculadas no mesmo jornal entre 1906 e 1909 que ajudaram a consolidar a ideia de “yellow peril” (como o perigo amarelo era conhecido nos EUA), com destaque para “The Yellow Peril in action: A possible chapter in History (Dedicated to the man who train and direct the man behind the guns)”, de Marsdon Manson em 1907. Estas publicações dariam o combustível necessário para a elaboração de leis antinipônicas nos Estados Unidos e para a difusão desta ideia por todo o continente americano. (DEZEM, 2005, p. 187-190); (TAKEUCHI, 2016, p. 186-188).

Na América Latina de uma forma geral, vemos este sentimento de antiniponismo também se materializar através da imprensa: “Os jornais El Tiempo, de Montevidéu, e La Mañana, de Buenos Aires, publicaram matéria, em 1914, sob o título: El Peligro Amarillo em Sud-America, alertando para a presença de japoneses em numerosas colônias em vários pontos da costa americana do Pacífico e dos problemas que poderiam daí advir.” (NOGUEIRA, 1984, p. 105). No Brasil, este termo aparece pela primeira vez em comentários de uma enquete da revista ilustrada “O Malho”, realizada em março de 1904, sobre o conflito entre Rússia e Japão. Os leitores que eram contrários aos japoneses neste confronto bélico citaram várias vezes tal expressão em suas justificativas, relembrando o discurso do Kaiser Guilherme II. (DEZEM, 2005, p. 243-248). Estas ideias estavam presentes no imaginário brasileiro apenas quatro anos antes do início oficial do fenômeno imigratório japonês neste país.

A expressão “perigo amarelo” possui várias nuances ao longo dos anos e é utilizada com propósitos e em contextos diferentes, mas de uma forma geral encontramos em sua composição um forte sentimento xenófobo e racista para com as várias etnias asiáticas, com destaque para os japoneses na primeira metade do século XX. É neste momento que o Japão se consolida como uma nação imperialista e um dos principais personagens da Segunda Guerra Mundial, ficando do lado oposto ao Brasil neste conflito. A ideia de “perigo amarelo” alcança a sua maior dimensão durante este confronto, consolidando uma escalada de décadas de sentimento antinipônico alimentado por diversas frentes e se apresentando como um projeto oficial de repressão a estes imigrantes.

Durante este momento mais crítico, entre as décadas de 1930 e 1940, por exemplo, um dos maiores pontos alardeados pelos antinipônicos e defensores deste conceito de “perigo amarelo” era o da “grande extensão das terras concedidas às empresas nipônicas” que viriam a “criar no Brasil um ‘Estado independente japonês’” (TAKEUCHI, 2016, p. 210). Isto corrobora com a fala de Sakurai que citamos anteriormente sobre a ocupação nipônica em áreas estratégicas nos formatos sólidos de colônias administradas por companhias japonesas públicas ou privadas. Este exemplo de imigração japonesa tutelada se tornou mais frequente no período anterior à Segunda Guerra. Mas, antes de adentrarmos nos exemplos mais representativos destas colônias, se faz necessário definir aqui o conceito a ser utilizado quando formos nos referir a este modelo de ocupação. Para Odair da Cruz Paiva:

 

“O termo “Núcleo Colonial” designa as iniciativas oficiais de colonização. O termo “Colônia” é mais ambíguo na medida em que pode identificar tanto as áreas de colonização da iniciativa privada quanto o conjunto de moradias e áreas anexas nas quais residiam os trabalhadores (colonos) no interior das grandes propriedades.” (PAIVA, 2013, p. 52)

 

Dentro desta perspectiva, podemos entender como “núcleo colonial” as iniciativas feitas por parte das autoridades japonesas em parceria com as brasileiras no intuito de ocupar áreas previamente adquiridas e estimular o desenvolvimento de atividades propícias para os nipônicos que lá se instalassem. Por sua vez, o termo “colônia” em seu primeiro grande significado consistia em uma iniciativa, sobretudo privada, que loteava áreas extensas e vendia pequenos lotes para imigrantes que estivessem interessados em se tornar pequenos proprietários e produtores. Por conta do baixo preço destas terras, tal atividade foi embebida de grande especulação fundiária por parte das empresas responsáveis (PAIVA, 2013, p. 52-53).

 

Havia também a interpretação, vista na citação acima, do termo “colônia” como o conjunto de habitações dos imigrantes que se localizavam no interior da propriedade cafeicultora. Estes trabalhadores, em alguns casos, recebiam a permissão de produzir gêneros alimentícios dentro deste contexto somente para a produção familiar.

Foi na esteira de tais transformações no fenômeno imigratório japonês no Brasil que este chegou ao norte do estado do Paraná. Os trabalhadores nipônicos que adentraram esta região buscavam alternativas ao trabalho nos latifúndios cafeeiros paulistas e vislumbraram algumas na possibilidade de compra de lotes de terras nesta nova região. Havia, neste ínterim, a presença mais forte das “empresas de colonização japonesas, subvencionadas pelo governo japonês” (In: CARNEIRO, M. L. T.; TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 44). Sobre isso, Takeuchi diz:

 

“Essas iniciativas foram monitoradas pela diplomacia no Japão, que fornecia subsídios ao Ministério das Relações Exteriores, que se encarregava, por sua vez, de informar ao governo federal os estados que sinalizavam interesse em contar com o braço nipônico.” (In: CARNEIRO, M. L. T.; TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 45)

 

Podemos perceber, dentro da definição feita aqui anteriormente a respeito das naturezas dos empreendimentos imigratórios japoneses no Brasil, que esta iniciativa se enquadra na categoria de colônia em seu primeiro sentido abordado, o do grande loteamento de terras para posterior revenda a trabalhadores japoneses interessados em morar e trabalhar na região. Há uma quantidade crescente, neste momento, de colônias surgindo no norte do estado do Paraná, tanto de japoneses que migravam de outras localidades do Brasil quanto vindos diretamente do Japão por comprar a ideia de prosperidade ainda vendida pelo governo nipônico e agências de imigração que “investiram vigorosamente na propaganda do Eldorado cafeeiro paranaense.” (MAESIMA, 2011, p. 9). Vale salientar que, apesar de muitos japoneses se deslocarem ao Paraná para ainda trabalharem com o cultivo do café, vários outros passaram a lidar com tipos de cultura diferentes.

 

Neste momento inicial da imigração japonesa no estado do Paraná, vemos o governo japonês agindo através das empresas de emigração, já mencionadas, fornecendo apoio aos trabalhadores nipônicos que se dirigiam ao referido estado. Porém, com o fim do subsídio paulista, que prejudicou imensamente a continuidade dos fluxos japoneses, o governo do Japão passou a financiar a “viagem dos colonos, convertendo a emigração numa política de Estado” (In: CARNEIRO, M. L. T.; TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 47). Esta interrupção do subsídio feito pelo estado de São Paulo afetou o fluxo de nipônicos ao Paraná e a outras regiões pelo fato de que o governo japonês não pensou em um projeto imigratório para o Sul do Brasil no mesmo formato do encontrado na Região Sudeste. Sobre isso, Maesima diz:

 

“O não incremento de entrada de imigrantes japoneses pelo sul do Estado pode ser explicado pela inexistência de um projeto de imigração oficial para o Estado, tal como ocorrera em São Paulo, Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro. Isto explica a razão pela qual nunca desembarcaram imigrantes japoneses pelo Porto de Paranaguá, que recebeu, por sua vez, milhares de outros imigrantes, de diferentes etnias (SETO; UYEDA, 2009, p. 9).” (MAESIMA, 2011, p. 11).

 

Quando Maesima diz que não havia um “projeto de imigração oficial para o Estado”, se referia ao fato de que a política feita pelo governo japonês não considerou uma entrada maciça de nipônicos diretamente pelos portos paranaenses (nos moldes do que era praticado em São Paulo via porto de Santos) com a finalidade de criar uma dinâmica própria no fenômeno imigratório nesta região. Havia um projeto estatal japonês de imigração para o Paraná, mas não da mesma forma que o de São Paulo. Isso causou características diferentes, como a presença quase insignificante de japoneses em regiões mais ao sul do estado do Paraná na época do Censo utilizado na pesquisa de Maesima. Este foi feito em 1958 no âmbito das comemorações do cinquentenário da imigração japonesa ao Brasil e idealizado pela Comissão de Festejos, formada pela própria comunidade nipônica, que criou a Comissão de Recenseamento da Colônia Japonesa para colocar o projeto em prática (MAESIMA, 2011, p. 1).

Para que esta política de Estado feita pelo governo japonês acontecesse de maneira mais eficaz, este subsidiou em 1927 a criação das “sociedades Cooperativas de Províncias para a Emigração Ultramarina, empresas agrupadas em uma única federação, que estabeleceu no Brasil uma subsidiária, a Brasil Takushoku Kumiai (Sociedade Colonizadora do Brasil Ltda.), mais conhecida como a sigla Bratac.” (In: CARNEIRO, M. L. T.; TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 47). Daí em diante, a Bratac tomou a frente de várias negociações e ações para fomentar a presença japonesa no Brasil, como seleção de colonos, embarque e desembarque dos japoneses no seu destino, seguindo o modelo de outra empresa do gênero, a Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (Companhia de Desenvolvimento Exterior de Kaiko), conhecida como K.K.K.K. (In: CARNEIRO, M. L. T.; TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 47).

Em 1929, com o objetivo de fundar novas colônias, a Bratac comprou quatro glebas (três no estado de São Paulo e uma no estado do Paraná), dividiu-as em lotes de 25 hectares cada e vendeu-os a colonos ainda no Japão mediante um adiantamento. A passagem era paga pelo governo japonês e o resto do valor dos lotes seria pago através dos rendimentos dos colonos já no Brasil. As colônias que se formaram desta iniciativa foram as de Bastos, Aliança e Tietê (São Paulo) e a de Três Barras (Paraná), todas com infraestrutura interna providenciada pela Bratac, que também atendia algumas condições para a aquisição destas terras, como a garantia da fertilidade do solo e proximidade de estações ferroviárias (In: CARNEIRO, M. L. T.; TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 48).

Neste mesmo ano de 1929, outro roteiro foi pensado para canalizar o fenômeno imigratório japonês no Brasil, assim como aconteceu com o norte do estado do Paraná: era a Região Norte do país, mais especificamente o estado do Pará, inaugurando outra face da trajetória nipônica no nosso país.

 

Referências

Ronaldo Sobreira de Lima Júnior é professor efetivo de História e História da Cultura na Rede Municipal de Ensino da Vitória de Santo Antão-PE, graduado em Licenciatura e em Bacharelado em História (UFPE), especialista em História do Nordeste do Brasil (UNICAP) e mestrando em História Social da Cultura Regional (UFRPE), além de Pesquisador Associado da Coordenadoria de Estudos da Ásia (CEASIA – UFPE) e membro da Rede de Pesquisadores Visões da Ásia.

E-mail: ronijr07@hotmail.com

DEZEM, R. Matizes do “amarelo”: a gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil (1878-1908). São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005.

MAESIMA, C. Números da imigração japonesa no norte do Paraná: 1958. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, XXVI., 2011, São Paulo. Anais do […]. São Paulo: ANPUH, 2011. Tema: “ANPUH: 50 anos”. Eixo temático: E/Imigrações: histórias, culturas, trajetórias. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1308188321_ARQUIVO_CacildaMaesima_Numerosdaimigracaojaponesa.pdf. Acesso em: 26 junho 2021.

NOGUEIRA, A. R. Imigração Japonesa na História Contemporânea do Brasil. 1. ed. São Paulo: Massao Ohno Editor, 1984.

PAIVA, O. C. Histórias da (I)migração: imigrantes e migrantes em São Paulo entre o final do século XIX e o início do século XX. São Paulo: Arquivo Público do Estado, 2013.

SAKURAI, C. Imigração tutelada: os japoneses no Brasil. 2000. Tese (Doutorado em Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.

TAKEUCHI, M. Y. Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas: Preconceito e Imaginário Social (1897-1945). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2016.

TAKEUCHI, M. Y. O Império do Sol Nascente no Brasil: Entre a Idealização e a Realidade. In: CARNEIRO, M. L. T. & TAKEUCHI, M. Y. (orgs.). Imigrantes Japoneses no Brasil: Trajetória, Imaginário e Memória. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010. p. 25-62.

 

14 comentários:

  1. CARO RONALDO, primeiramente quero parabenizar sobre seu trabalho principalmente sobre a referencia da imigração japonesa no estado do Paraná, que e o estado atualmente, e são informações pertinentes e válidas para o conhecimento Histórico. Neste contexto a região norte do Parana teve um crescimento populacional em meados da segunda metade do seculo XX, principalmente pela vinda dos paulistas na região trazendo a cultura cafeeira. Podemos afirmar então que os Imigrantes japoneses tiverem sua contribuição na desenvolvimento da região norte do Parana?
    E a segunda questão; Ainda existia aquele stigma contra os Nipons, principalmente pela questão da recente 2 grande guerra mundial e portanto a ideia construída do perigo amarelo era evidente pela questão do japão ter pertencido ao eixo ainda era presente ainda?

    atenciosamente ELOIS ALEXANDRE DE PAULA

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    1. Obrigado pelas considerações, Elois. Fico muito satisfeito que tenha lido e gostado do trabalho. Quanto às suas questões: sim, podemos afirmar que os imigrantes japoneses desempenharam um importante papel quanto ao desenvolvimento da região norte do estado do Paraná, com destaque para a cidade de Londrina. Este desenvolvimento foi oriundo inicialmente do trabalho das lavouras cafeeiras, que deu espaço a outras atividades, como o cultivo de algodão e, posteriormente, aos empreendimentos urbanos provenientes da sua forte inserção nos espaços desta natureza. Em relação a sua segunda questão, sim, o clima de hostilidades proveniente das escaladas xenófobas quanto aos japoneses, que foi agravado com a Segunda Guerra Mundial, deixou resquícios principalmente nos anos mais próximos ao final deste conflito mundial. Um episódio que reforça isso foi a desapropriação de terrenos pertencentes às colônias japonesas na cidade de Londrina em 1956 para a construção do novo aeroporto da cidade. Este fato demonstrou que estes desentendimentos ainda não estavam superados na década seguinte, e acredito que podemos afirmar a existência de referências a esses pensamentos até o momento presente no Brasil de uma forma mais ampla.

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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  2. Bom dia, Ronaldo. Primeiramente agradeço a menção da minha pesquisa em seu artigo que joga luzes sobre a trajetória da discriminação contra os japoneses no Sudeste/Sul do país a partir da disseminação da ideia de “Perigo Amarelo”. Minha questão seria sobre uma parte do título do seu texto: “uma nova fase da imigração japonesa no Brasil”. Não ficou claro para mim os fatores que caracterizariam essa “nova fase” relacionada com o “Perigo Amarelo” do título. Quais os efeitos desse “pacote nipônico ameaçador” (sic) nos nascentes núcleos coloniais do norte paranaense a partir do final da década de 1920? Obrigado e um abraço,

    Rogério Akiti Dezem

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    1. Fico profundamente grato que tenha prestigiado o meu trabalho com a sua leitura e considerações, Rogério. Estou muito honrado em conhecê-lo e aproveito a oportunidade para elogiar a sua publicação que utilizei como uma das referências deste meu artigo e da minha dissertação, que está em vias de ser concluída. O seu livro me esclareceu muitas questões a respeito da própria concepção do termo “Perigo Amarelo”, em um trabalho de pesquisa e análise fantásticos. Em relação às questões levantadas por você sobre o meu trabalho, o subtítulo “uma nova fase da imigração japonesa no Brasil” se refere a uma comparação com as etapas anteriores encontradas dentro de uma perspectiva cronológica, onde tivemos a formação do contexto para o início do fenômeno imigratório (assinatura do acordo comercial, proibição da imigração em países como os EUA e o início do deslocamento ao Brasil em 1908), a sua consolidação sobretudo no estado de São Paulo para, somente aí, iniciarem com considerável força as correntes migratórias internas partindo deste estado em direção a outros, como o estado do Paraná. Considero este momento como uma nova fase por isto e pelas mudanças nas próprias características do fenômeno nesta altura, como as consolidações dos japoneses em formatos de ocupação de colônias e núcleos coloniais assim como a variação em suas atividades produtivas, não se resumindo só ao café. Além disso, esta nova fase traz com mais força os elementos xenófobos que irão se configurar dentro da concepção de “Perigo Amarelo”, como o crescimento numérico da comunidade japonesa e da sua importância econômica, que servirão de combustível para as ideias já existentes, como você bem aborda em seu livro. Estes elementos xenófobos que adentram na sua segunda questão, que levanta os efeitos daquilo que chamei como “pacote nipônico ameaçador” no norte do Paraná. Os japoneses que viviam nesta região tiveram que lidar com a crescente desconfiança quanto a sua presença, agravada com as medidas restritivas tomadas durante a Segunda Guerra Mundial e os desdobramentos posteriores ao conflito, como no caso da desapropriação das colônias nipônicas para a construção do novo aeroporto de Londrina em 1956, que citei na resposta acima ao Elois. Agradeço novamente pela participação e por prestigiar o meu trabalho. Fico a sua disposição para qualquer consideração.

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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    2. Boa noite, Ronaldo. Fico feliz que meu trabalho contribuiu para a sua pesquisa, ótimo! Sobre a sua resposta, ficou agora mais claro para mim essa relação do título com o momento histórico (anterior) a imigração para o norte paranaense. E você apresentou a relação que eu havia questionado. Obrigado! Um abraço,

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  3. Parabéns pelo texto e pela temática abordada.

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    1. Obrigado por prestigiar o meu trabalho, Fabian. Sinta-se à vontade para levantar as questões que achar pertinente. Abraço.

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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  4. Suéllen Sulamita Gentil de Oliveira7 de outubro de 2021 às 12:55

    Olá, Ronaldo! Tudo bem?

    Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo excelente trabalho! Especialmente para mim, que não sou da área de história, foi muito interessante acompanhar esses fluxos migratórios associados a seus respetivos interesses econômicos e politicos por parte de ambos governos. Sua escrita é bem didática, o que facilitou a compreensão do tema em debate.

    Minha pergunta é bem simples e surge por pura curiosidade suscitada pela leitura. Seu trabalho parece fazer parte de uma trabalho maior que está sendo desenvolvido. Gostaria de saber se minha impressão procede e que outros pontos você pretende abordar neste macro trabalho. Fiquei curiosa para conhecer mais sobre as consequências desse movimento migratório inesperado na região do Paraná, tanto para os colonos como para os governos envolvidos. E como esse conceito racista e xenófobo do 'perigo amarelo' afetou esse momento.

    Não precisa desenvolver todos esses porque não quero te exigir uma tese como resposta, hahah. Só queria saber se você pretende abordar essas questões em um posterior trabalho e como poderíamos ter acesso a ele.

    Parabéns, mais uma vez, pelo excelente estudo! :)

    Suéllen Sulamita Gentil de Oliveira

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    1. Olá, Suéllen! Muito obrigado por prestigiar o meu trabalho e pelas suas palavras em relação a ele! Pra mim é uma honra a sua participação e presença nesta minha apresentação! De fato você estava correta nas suas observações: este artigo faz parte da minha dissertação, que fala sobre a imigração japonesa na cidade do Recife. Este artigo sobre a imigração japonesa no norte do estado do Paraná faz parte de uma contextualização histórica que desenvolvo no início do meu trabalho, como forma de apresentar outros desdobramentos do fenômeno imigratório nipônico no Brasil e compará-los com o que foi encontrado na capital pernambucana. Assim que ela estiver concluída, será disponibilizada na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRPE, que é onde faço mestrado. Lá, todos poderão entrar em contato com a versão completa e as particularidades do fenômeno imigratório japonês no Recife em comparação com casos muito discutidos, como os de São Paulo, Pará e Paraná. Sobre as suas questões relacionadas às consequências da ideia de “Perigo Amarelo” e como ela afetou os imigrantes japoneses no Paraná, trouxe algumas ponderações quando respondi Elois e Rogério, citando as perseguições sofridas durante a Segunda Guerra Mundial e a desapropriação de terras oriundas de colônias japonesas na cidade de Londrina em 1956. Obrigado mais uma vez pela sua participação!

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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  5. Ronado, primeiramente, gostaria de pontuar o didatismo com que você traz um assunto tão espinhoso (em relações a fatos histórias, à pesquisa, aos conceitos trazidos, etc), me lembrou - guardada às devidas proporções - a escrita do Antonio Candido. Parabéns, texto excelente e com uma temática que traz um resgate história de extrema importância e necessidade.

    Eu não tenho questões pontuais, eu colocaria mais como pontos que eu gostaria que você comentasse mais um pouco sobre, tais como: no começo do texto você fala do Ryo Mizuno, o patrono da imigração japonesa. Como tu vê a importância da figura dele para esse processo de imigração?; outro ponto é quando tu diz que "foi mediate a execução deste projeto de imigração tutelada que os trabalhadores japoneses se reuniram em moldes de ocupação como os núcleos coloniais e colônias, fortalecendo os laços entre si", me lembrou da cidade de São Miguel Arcanjo, em SP, onde fica localizada o maior acervo de obras japonesas e me pareceu que a cidade tinha uma funcionalidade bem em torno dessa biblioteca, dessa memória, dessa cultura que está em constante resgate - talvez. Esse caso é bem recente, tu achas que isso ainda é resquício desse "isolamento" que vem desde de muitos e muitos anos?

    Novamente, parabéns pelo belíssimo texto!

    Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

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    1. Olá, Maria Gabriela. Agradeço pelas suas palavras e participação nesta apresentação do meu trabalho. Sobre a importância da figura de Ryo Mizuno para a imigração japonesa no Brasil, é fundamental pensar que ele foi uma peça-chave para que este fenômeno tivesse início. Ele era Diretor-Presidente da “Kôkoku Shokumin Kaisha” (Companhia Imperial de Emigração – a principal empresa do ramo e responsável pela vinda de imigrantes nipônicos até 1917) e esteve a bordo do Kasato Maru, navio que trouxe a primeira leva de japoneses para o território brasileiro em 1908. Porém, ele já trabalhava desde 1906 na articulação para a chegada destes trabalhadores. Em relação à colônia de São Miguel Arcanjo-SP e a sua enorme biblioteca, de fato é um exemplo desta linha de pensamento destacada por você, na qual os japoneses buscaram, dentro deste contexto de hostilidades por parte da sociedade e restrições impostas pelas autoridades à época, se fortalecerem próximos dos seus. Dentro deste cenário, criaram escolas para divulgar o ensino da sua língua para as novas gerações, associações para organizarem e sediarem atividades culturais e esportivas, além de iniciativas como a de São Miguel Arcanjo. É um excelente exemplo de como esta dinâmica se desenvolveu em várias regiões do país, inclusive no Recife, que faz parte do recorte geográfico de onde parto para desenvolver a minha dissertação. Obrigado mais uma vez pelas suas considerações que tanto prestigiaram o meu trabalho.

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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  6. Boa noite Ronaldo! Levando em consideração a migração japonesa enquanto importante no desenvolvimento populacional do Estado do Paraná, considero que a história e as participações da etnia vem sido muitas vezes ocultadas, ou ao menos pouco enfatizadas nos conteúdos de História, não só no que concerne a história do estado do Paraná, mas na história do Brasil. É possível considerar a existência de um negacionismo quanto a fatos que envolvem a participação de japoneses na história brasileira? É correto afirmar que a xenofobia faz-se determinante neste contexto, levando a pouca ênfase e abordagem de povos orientais na história do Paraná?

    LUANA KULICZ

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    1. Olá, Luana! Agradeço pela sua participação nesta apresentação do meu trabalho! A respeito das questões levantadas por você, não acredito que se trate de uma questão de negacionismo, pois não compreendo esta lacuna de mais trabalhos a respeito da imigração japonesa no Paraná ou no Brasil como um todo de uma maneira sistemática e configurando-se em um processo coeso de apagamento proposital. Entendo mais como uma espécie de resquícios do período não tão distante de perseguição aos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial como plano de ação estatal, e dos pensamentos eugênicos e xenófobos encontrados no Brasil desde antes do fenômeno imigratório japonês ter início em 1908, estes últimos apontados por você como prováveis motivos para esta realidade. Destaco também o fato de que os estudos sobre o fenômeno imigratório de uma forma geral não possuem o devido espaço na historiografia brasileira como é visto nos Estados Unidos, por exemplo. Isto causa reflexos em como entendemos a importância destes personagens na formação da sociedade e dos fenômenos relacionados, e, no caso específico dos japoneses, somam-se os elementos citados anteriormente. Apesar de haver uma inserção considerável entre os japoneses e seus descendentes na sociedade brasileira nas últimas décadas, processos traumáticos como esses não são superados com rapidez e facilidade, levando a ressalvas em algumas circunstâncias. Claro que devemos levar em consideração o “boom” de obras a respeito do centenário da imigração japonesa no Brasil em 2008, mas acredito que, tamanha a importância e dimensão deste processo, este deveria receber uma atenção muito mais profunda. Obrigado mais uma vez pela sua participação!

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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