Jorge Luiz Voloski

 OS ESCRITOS DE VIAGENS EM SALA DE AULA: JOÃO DE PIAN DEL CARPINI E A NOÇÃO DO “OUTRO” NO ORIENTE

 

Introdução

Os historiadores há tempos têm discutido acerca da importância das fontes para a construção do conhecimento histórico. Henri-Ireneé Marrou, por exemplo, em sua obra Sobre o conhecimento histórico [1978], afirma que é impossível ao historiador invocar os acontecimentos passados mediante processos “encantatórios”. A única possibilidade é através dos traços legados à contemporaneidade, ou seja, por intermédio dos documentos e de sua intepretação [MARROU, 1978, p. 55-56]. Charles Victor Langlois e Charles Seignobos, no mesmo sentido, entendem o processo de construção do saber histórico dependente dos vestígios e, consequentemente, todos os atos e fatos que não legaram ao presente rastros se perderam na História [LANGLOIS; SEIGNOBOS, 1972].

Dentre as diferentes preocupações com as fontes, as quais são variadas tanto segundo os objetivos da pesquisa, quanto aos contextos históricos, interessa ao presente texto o processo de renovação iniciada pelos Annales, com autores, por exemplo, Marc Bloch, para o qual “a diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo que fábrica, tudo que toca pode e deve informar sobre ele” [BLOCH, 2001, p. 79]. Igualmente, a chamada Terceira Geração dos Annales possui grande relevância, principalmente em relação as Novas abordagens, Novos Objetos e os Novos problemas, dedicados aos estudos históricos, o que favoreceu os historiadores a fazerem reformulados questionamentos sobre o passado.

Esta renovação historiográfica possibilitou um aumento das pesquisas atualmente. Investigações, por exemplo, ligadas à história das mulheres, das sensibilidades e do corpo, entre outras, à medida que aumentam nas universidades, cresce também no ambiente escolar. Em paralelo, se exige cada vez mais dos professores, seja no Ensino Fundamental, seja no Ensino Médio, o uso das fontes como recurso didático.

Nesta direção, objetivamos nesta comunicação apresentar a possibilidade do uso didático em sala de aula dos escritos de viagens produzidos em fins do medievo, para pensar o “Outro” no Oriente. Devido ao espaço limitado para a discussão, focaremos na obra de João de Pian del Carpini, escrita em meados do século XIII, a qual expõe os primeiros contatos entre a Cristandade e o Império Mongol. Apresentaremos, entre outras coisas, uma breve discussão acerca da situação contextual da Europa, a especificidade da obra e de seu autor, bem como algumas possibilidades de debates possíveis de serem realizados em sala de aula em relação a ideia do “Outro”, “Eu” e “Nós”.

 

Os recursos didáticos e o uso dos documentos no ensino de História

Segundo Jaime Estevão dos Reis, Liliane Grubel Nogueira e Augusto João Moretti Júnior, a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) está voltada ao desenvolvimento, nos alunos, de habilidades e competências ligadas à resolução de problemas cotidianos e reais. Os discentes, então, postos no centro da relação “ensino-aprendizado” levam os professores a uma nova função: antes, detentores das informações, agora, mediadores do conhecimento. Desta forma, podemos colocar que, exige-se atualmente dos docentes, que estes sejam profissionais habilitados para guiar os “(...) os discentes no processo de aprendizagem, tendo em vista os perigos e confusões que a internet e as novas tecnologias podem ocasionar” [REIS; NOGUEIRA; JUNIOR, 2021, p. 233-234].

De fato, dentro da referida exigência do ensino atual de História, há diferentes possibilidades didáticas. Vinicius Tivo Soares, por exemplo, considerando o uso de jogos digitais em sala de aula, conclui que, o professor, assumindo o papel de intercessor entre as “temáticas históricas”, as historicidades presentes nos jogos e o conhecimento cientifico histórico, pode desenvolver as ferramentas necessárias nos discentes para o “(...) pensamento crítico-histórico tão importante destacado no ensino de história” [SOARES, 2021, p. 254]. Já Edlene Oliveira Silva, tendo em conta o cinema, sobretudo o filme Cruzada (Kingdom of Heaven), dirigido por Riddley Scott, em 2005, constata a possibilidade de os discentes estimularem “(...) seus alunos [a pensarem] como o passado e o presente são construídos na narrativa fílmica” [SILVA, 2012, p. 234]. Para além dos recursos modernos e midiáticos, as fontes e documentos possuem igual importância pedagógica.

Como esclarece Guimarães Fonseca [2003], o uso das fontes em sala de aula circundou as principais discussões metodológicas do ensino de história nos últimos 20 anos. Resultado da crítica ao exclusivo emprego dos livros didáticos, do avanço da tecnologia da indústria cultural e da ampliação historiográfica dos documentos, o debate propõe a aplicação das diversas linguagens para a formação do “aluno/cidadão”. Assim, a utilização das fontes mediante a perspectiva dialógica tem como pressuposto tanto à formação do espírito crítico e inventivo, quanto à pesquisa [FONSECA, 2003]: 

Em seu estudo, para além, Guimarães Fonseca destaca três pontos fundamentais relacionada a didática dos documentos:

 

“[primeiro], situar o documento no contexto em que foi produzido, por meio de perguntas como: quem produziu? Quando? Onde? Em que condições? Onde está publicado? [ segundo], criar diversas atividades de leitura e compreensão dos textos, possibilitando ao aluno questionar as fontes, confrontá-las, estabelecer diálogos críticos entre as concepções prévias, os conhecimentos históricos anteriormente adquiridos, as indagações e os textos; [terceiro], orientar a produção do conhecimento sugerindo formas, linguagens, construções discursivas que favoreçam o desenvolvimento da aprendizagem e a compreensão da histórica como construção” [FONSECA, 2003, p. 218].

 

Diante da possibilidade do uso didático das fontes em sala de aula, sem dúvida os diferentes momentos históricos carregam especificidades no que se refere a contextualização. Os escritos de viagens produzidos em finais do medievo e que narram deslocamentos pelo Oriente carregam a necessidade da apresentação do crescimento externo europeu e, também, o esboço das motivações dos viajantes, isso porque cada qual viajou por um motivo, o que certamente influenciou no conteúdo das obras. No tópico a seguir, debateremos ao momento histórico que viveu João Pian del Carpini. 

 

A situação contextual de João de Pian del Carpini

Certamente, a utilização dos recursos didáticos, como as mídias atuais e as fontes, não devem objetivar a exclusão dos livros didáticos, mas, ao contrário, como esclarece Semíramis Corsi Silva [2010], devem colaborar na eficácia do aprendizado. A autora, analisando o ensino de História Antiga, destaca, por exemplo, o emprego dos mapas, filmes e imagens, ao invés de apenas “embelezar” as aulas, destinados ao estudo do passado, sempre levando em consideração o período de produção dos documentos e ressaltando quando forem releituras. Para mais, compete ao professor a necessidade de esboçar a simultaneidade dos acontecimentos, pois os livros abrem novos capítulos sem mostrar paralelos e interações entre os acontecimentos [SILVA, 2010, p. 153].

Nesta direção, é de grande importância não tirar os escritos de viagens redigidos entre os séculos XII-XIII, com base em um deslocamento ao oriente, de seu contexto histórico. Resultado da multiplicação dos deslocamentos, tais obras, seja produzido por mercadores, peregrinos, mendicantes ou cruzados, ilustram o avanço europeu em direção à Ásia. Algumas questões internas, como, por exemplo, o aumento na produção agrícola, desenvolvimento econômico e o crescimento populacional, certamente favorecem a intensificação do interesse dos indivíduos em viajarem a localidades até então pouco conhecidas. De igual modo, assuntos externos foram relevantes, dos quais destacamos, entre outros, a expansão mongol e o enfraquecimento islâmico no Oriente Próximo.

A consequência de referido aumento nos deslocamentos por terras orientais foi o contato de europeus com povos pouco conhecidos. A noção do “Nós”, diferente de um “Outro”, reflete nos escritos de viagens de múltiplas maneiras, dependendo, por exemplo, dos motivos que fizeram o itinerante viajar e as motivações de escrever a obra. Sem dúvida, neste sentido, o enriquecimento da discussão em sala de aula ocorre casso haja a disponibilidade do professor levar diferentes fontes produzidas no contexto, realizando em seguida uma comparação, junto aos alunos, dos múltiplos posicionamentos frente a alteridade. Todavia, somos cientes tanto do limitado tempo disponível para ministrar as aulas, quanto do pouco tempo destinado nos currículos escolares a tal debate. Por esta razão, assim como ocorreu no estágio docência realizado no ano de 2019, recomendamos o uso de apenas uma fonte, no caso seria a obra de João de Pian del Carpini de nome História dos Mongóis.

 A especificidade do escrito de João de Pian del Carpini, o qual foi redigido em meados do século XIII, recai sobretudo no ponto de apresentar um dos primeiros contatos entre a Cristandade e os povos oriundos das estepes asiáticas. Como esclarece Vladmir Acosta, após os violentos ataques dos mongóis e o súbito desaparecimentos dos invasores, surgiu a necessidade de conhecer os agressores para evitar futuras novas invasões. Dentre os três grupos de embaixadores enviados, apenas a do franciscano João de Pian del Carpini obteve sucesso levando a carta do papa ao Grande Cã. Ao regressar, o itinerante escreve um texto apresentando importantes características, relacionadas, por exemplo, a cultura, religião, sociedade, geografia e possíveis formas de ataque aos mongóis [ACOSTA, 1992].

No próximo tópico, apresentaremos o conteúdo da obra escrita por João de Pian Del Carpini e apresentaremos as possibilidades didáticas relacionadas sobretudo a percepção do “Outro”.

 

História dos mongóis e a noção do “Outro” em sala de aula

Certamente, no que se refere ao conteúdo ministrado na Área das Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas a noção do “Outro” oferece ímpar importância, sobretudo se olharmos as diretrizes da BNCC, a qual coloca que:


“No Ensino Fundamental, a BNCC se concentra no processo de tomada de consciência do Eu, do Outro e do Nós, das diferenças em relação ao Outro e das diversas formas de organização da família e da sociedade em diferentes espações e épocas históricas. Tais relações são pautadas pelas noções de indivíduos e de sociedade, categorias tributarias da noção de philia, amizade, cooperação, de um conhecimento de si mesmo e do Outro com vistas a um saber agir conjunto e ético” [BRASIL, 2018, p. 547].

 

No Ensino Médio, ocorre apenas o aprofundamento e ampliação das questões trabalhadas no Ensino Fundamental, isso porque sucede não unicamente o crescimento “(...) significativo na capacidade cognitiva dos jovens, como também de seu repertório conceitual e de sua capacidade de articular informações e conhecimentos” [BRASIL, 2018, p. 547]. Assim, diante a importância das noções do “Eu”, “Outro” e “Nós” nas diferentes temporalidades e fronteiras, percebemos a relevância dos escritos de viagens como recurso didático em sala de aula, sobretudo no desenvolvimento das habilidades da Competência Específica 1, na qual:

 

“(...) pretende-se ampliar as capacidades dos estudantes de elaborar hipóteses e compor argumentos com base na sistematização de dados ( de natureza quantitativa e qualitativa); compreender e utilizar determinados procedimentos metodológicos para discutir circunstâncias históricas favoráveis à emergência de matrizes conceituais (modernidade, Ocidente/Oriente, civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo, tipologias evolutivas, oposições dicotômicas etc.) e operacionalizar conceitos como temporalidade, memória, identidade, sociedade, territorialidade, espacialidade, etc. e diferentes linguagens e narrativas que expressem conhecimentos, crenças, valores e práticas que permitem acessar informações, resolver problemas e, especialmente, favorecer o protagonismo necessário tanto em nível individual como coletivo” [BRASIL, 2018, p. 559].

 

Nesta direção, como apontado anteriormente, a obra de João de Pian Del Carpini recebe singular importância. Redigida por um franciscano, ilustra a percepção dualista do mundo e os julgamentos de valores baseados no cristianismo. O receio perante o diferente, que repercute em todo o livro, no começo já pode ser observado. Diante a exaltação do cristianismo e da alegação da futura vitória sobre os inimigos, o viajante apresenta os motivos da viagem, confessando o anterior medo da morte, aprisionamento, trabalho forçado, das tormentas da sede, fome, calor e frio, sendo que tudo isso o ocorreu, menos a morte. As adversidades são superadas devido ao desejo de Deus, segundo o mandato do Papa, do conhecimento da intenção e vontade dos Tártaros, “(...) para que não acontecesse que, irrompendo de repente, encontrassem [os cristãos] despreparados, como sucedeu outra vez em consequência dos pecados dos homens, e causassem grande estragos ao povo cristão” [CARPINI, 2005, p. 30]. 

Frente aos pontos expostos no parágrafo anterior, os alunos devem ser levados ao questionamento relacionado ao contexto histórico, a intencionalidade do deslocamento e da escrita do livro e quem seria o público leitor. Perguntas, como, por exemplo, “Quem?”, “Quando?”, “Onde?” e “Por que?” desenvolvidas, certamente colaboram no senso crítico, dentre outras direções, direcionado ao recuo de ter todas as informações como verdade, e ao encaminhamento de compreender as diferentes intencionalidades. O conteúdo do livro não representa a realidade dos mongóis, mas aquilo que o franciscano entendia e buscou reproduzir sobre uma sociedade diferente e pouco conhecida. Assim, o discente deve ter nítido a noção do documento apresentar mais as características do seu produtor do que do produto.

Outras narrações presentes na obra podem ser destacadas neste sentido, como, por exemplo, as relacionadas as crenças dos mongóis. Descrevendo a aplicação da justiça no mesmo momento da religião, o franciscano João de Pian del Carpini observa a ausência de leis, sendo apenas algumas tradições seguidas, as quais os Tártaros dizem “pecado”, tal qual o fato de cravar a faca no fogo, o apoio no chicote que batem no cavalo e a condenação à morte de quem pisa no limiar da porta. Contudo, “(...) para eles não é nenhum pecado matar homens e mulheres, invadir terras dos outros, apossar-se das coisas de outros por qualquer modo injusto, fornicar, injuriar os outros homens, agir contra as proibições e os preceitos de Deus [CARPINI, 2005, p. 38].

Em suma, João de Pian del Carpini, ao descrever o “Outro” apresenta mais características próprias do que ligadas aos mongóis. Desta forma, seu uso em sala de aula colabora no questionamento de termos dicotômicos, como, por exemplo, de “civilizados” e “bárbaros”, “cristãos” e “pagãos”, entre outros, os quais estão mais associados com aquele que vê e julga de acordo com suas categorias morais. A habilidade 105 da BNCC pode ser desenvolvida mediante o emprego do documento, isso porque ela objetiva:

 

“Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstância e processos” [BRASIL, 2018, p. 560].

 

Por fim, em vias de conclusão, salientamos mais uma vez o fato de as fontes como material didático exigir a contextualização. Assim, os diferentes temas de outros períodos históricos ou fontes que não sejam os escritos de viagens produzidos em finais do medievo com destino ao Extremo Oriente, os quais foram o centro do debate do presente texto, necessitarem de outras problemáticas. Nada impede, entretanto, a associação do conteúdo com a atualidade e o questionamento crítico, por exemplo, dos preconceitos individuais e coletivos contemporâneos operantes no Ocidente em relação ao Oriente. 

Assim, diante as especificidades e o debatido, utilizar João de Pian del Carpini em sala de aula como documento, na mesma direção do esclarecido por Suzana Lopes Salgado Ribeiro, Rachel Duarte Abdala e Ana Cláudia Moreira Rodrigues, não objetivaria apenas o “narrar” histórico, mas o guiar dos alunos em análises e compreensões racionais do mundo social, sobretudo no que se refere ao senso críticos dos discentes, visto eles constituírem usuários e telespectadores de imagens. “Nesse sentido, os professore podem levar o aluno a se relacionarem com o passado, desenvolvendo habilidades de observação, contextualização e interpretação acerca do conteúdo estudado” [RIBEIRO; ABDALA; RODRIGUES, 2019, p. 78].

 

Referências

Jorge Luiz Voloski é formando em História pela Universidade Estadual de Maringá. Atualmente cursa o mestrado no Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Estadual de Maringá [UEM], sendo membro do Laboratório de Estudos Medievais [LEM]

ACOSTA, Vladmir. Viajeros y maravillas. Tomo III. Caracas, Venezuela: Monte Ávila Editores Latinoamericana, 1992.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/historico/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518.pdf. Acessado em 04/09/2021.

BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, o oficio do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001..

CARPINI, João de Pian del. História dos mongóis. In: SILVEIRA, Ildefonso; PINTARELLI, Ary E. (Ed.). Crônicas de viagem: franciscanos no Extremo Oriente antes de Marco Polo (1245-1330), pp. 9-98, 2005.

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história: experiencias, reflexões e aprendizados. Campinas, SP: Papirus, 2003.

LANGLOIS, Charles Victor; SEIGNOBOS, Charles. Introcucción a los estudios históricos. Buenos Aires: Pleyade, 1972.

MARROU, Henri-Irénée. Sobre o conhecimento histórico. Rio de Janeiro, RJ: Zahar editores, 1978.

REIS, Jaime Estevão dos Reis; NOGUEIRA, Liliane Grubel; MORETTI JÚNIOR, Augusto João. O mercador medieval: uma proposta de estudo na formação de professores. In: VIANA, Luciano José. (Orgs.). A história Medieval entre a formação de professores e o ensino da Educação Básica no século XXI: experiencias nacionais e internacionais. Rio de Janeiro, RJ: Autobiografia, pp. 233-249, 2021.

RIBEIRO, Suzana Lopes Salgado; ABDALA, Rachel Duarte; RODRIGUES, Ana Cláudia Moreira. Documentos históricos no ensino de história: Idade Média e imagens no 6° ano do Ensino Fundamental. Cadernos de Pós-Graduação, São Paulo, v. 18, n.2, pp. 63-81, jul/dez, 2019.

SILVA, Semíramis Corsi. Aspectos do ensino de história Antiga no Brasil: algumas observações. Alétheia: Revista de estudos sobre Antiguidade e Medievo, n. 1, janeiro-junho, pp. 145-155, 2010.

SILVA, Edlene Oliveira. O cinema na sala de aula: imagens da Idade Média no filme Cruzada de Ridley Scott. História: Questões e debates, Curitiba, n. 57, pp. 213-237, jul/dez, 2012.

SOARES, Vinicius Tivo. Discussão sobre o uso de jogos modernos para o ensino de história. In: SILVA, Américo Junior Nunes da. (Orgs.). O campo teórico-metodológico-epistemológico da educação no fomento da questão política da atualidade 2. Ponta Grossa, PR: Atena, pp. 248-255, 2021.

 

13 comentários:

  1. Olá, Jorge,
    Muito se fala e se conhece sobre o período das navegações, como ponto de referência para se tratar a questão do "outro". Porém, seu estudo trata de um período anterior - a Idade Média, em que se situa o relato de del Carpini.
    Nesse sentido, daquilo que você coloca em conformidade com a BNCC, gostaria de perguntar se também seria necessário referir-se não apenas aos fatos históricos, mas também à própria constituição (digamos) ficcional daquilo que apresenta del Carpini.

    Parabéns pelo trabalho!
    Ricardo

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    1. Olá, Ricardo,
      Certamente, o período das “Grandes Navegações” é central no que se refere aos contemporâneos debates da relação dos europeus com o “Outro”. Quando muito, os livros didáticos trazem o mercador Marco Polo entre os itinerantes medievais, sendo ignorado quase por completo outros viajantes de grande importância, como, por exemplo, Jean de Mandeville, Odorico de Pordenone, Guilherme de Rubruc, João de Montecorvino, entre outros.
      Sobre sua pergunta, não sei se você colocou “ficcional” no sentido da narração enquanto “representação”, consequentemente, manipulação da realidade, ou “ficcional” relacionado as “fantasias” descritas por João de Pian del Carpini. Contudo, acredito que, independente do sentido utilizado, é de grande interessante apresentar o “ficcional”. Primeiro, Carpini “representa” certa realidade, isto é, dentre infinitas coisas, ele escolhe certas características para serem narradas ao leitor a partir da sua observação. Segundo, ao trazer as “fantasias”, tal qual às “maravilhas”, o viajante reflete a relação com outras culturas, as quais poder ser variadas também no corpo.
      Enfim, o “ficcional”, para além dos fatos históricos, certamente colaboraria nas discussões em sala de aula, ampliando a noção dos alunos com relação as variadas percepções históricas do “Eu”, “Nós” e “Outro”.
      Agradeço por ter lido meu texto, bem como pela pergunta. Espero ter ajudado e respondido sua pergunta, caso contrário, estou disponível à responde-la acertadamente.
      Jorge Luiz Voloski

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  2. Prezado Jorge Luiz,

    Foi um prazer ler seu texto e refletir sobre suas ideias para pensar o outro no Oriente.
    Pergunto na perspectiva de construir pontes de aproximação com o “meu irmão sem rosto”, se tem espaço no ambiente de sala de aula de inserir a ética da responsabilidade e humanidade, diante da fragilidade do outro.

    Paulo Malta de A. Maranhão Junior

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    1. Olá, Paulo Malta,

      Agradeço imensamente o tempo destinado a leitura do meu texto, sendo meu o prazer em responder a sua pergunta.
      A respeito da sua pergunta, acredito não somente que haja espaço em sala de aula para inserir a ética da responsabilidade diante a fragilidade do “Outro”, muitas vezes um “irmão sem rosto”, como também penso ser isso mais do que necessário atualmente, uma vez que, as redes sociais, por exemplo, as quais excluem o contato humano (“olho no olho”), ganham mais importância. Desta forma, criar pontes de aproximação nos alunos mediante a literatura, independe se romance, novela, literatura de viagem, poemas, entre outros, certamente é de grande importância para o convício social futuro, sem dúvida mais computadorizada.
      Anseio ter respondido de forma certeira seu questionamento, caso contrário, me coloco a disposição para sanar às dúvidas.

      Jorge Luiz Voloski.

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    1. Olá, Prof. Fabian,

      Agradeço o tempo destinado à leitura do texto

      Jorge Luiz Voloski

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  4. Parabéns pelo texto. Sobre o trecho “O conteúdo do livro não representa a realidade dos mongóis, mas aquilo que o franciscano entendia e buscou reproduzir sobre uma sociedade diferente e pouco conhecida. Assim, o discente deve ter nítido a noção do documento apresentar mais as características do seu produtor do que do produto.”, gostaria de perguntar, na sua opinião, quais os reflexos dessa necessária postura a uma visão do problema da ‘verdade’ em História.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá, Alina Silva,

      Agradeço a pergunta, a qual constitui de muita pertinência nos estudos históricos, bem como pela leitura do meu texto.
      Sobre a pergunta, acredito que o primeiro ponto a ser destacado seja metodológico, ou seja, da noção de verdade no conhecimento histórico, o qual, per se, carrega inúmeras controvérsias, sobretudo se partirmos, por exemplo, dos escritos de Paul Ricoeuer, Paul Veyne, Hayden White, Reinhart Koselleck, Roger Chartier, Michel de Certeau, entre outros. Diante a frase que você destacou, de forma breve, penso ser importante termos em mente, ao analisar os escritos de viagens, a noção de serem representações, bem como o conhecimento histórico, uma vez que jamais um viajante irá descrever por completo determinada sociedade, da mesma forma que um historiador não consegue apresentar de forma integral as sociedades do passado, sendo a obra resultado de uma pequena parte das observações.
      O segundo ponto, acredito que esteja relacionado aos alunos, os quais não devem ter a história no papel de uma Ciência Exata, cujo acontecimento “A”, somado ao “B”, resulta no “C”. Acredito que ao invés da noção de “Verdade” o professor deve buscar incitar os alunos ao senso crítico, certamente, não defendendo que existe “dois lados da história”, mas inúmeros, os quais são condicionados contextualmente, assim como o período no qual o aluno está vivendo.
      Espero ter esclarecido certos posicionamentos, caso isso não tenha ocorrido, estou a disposição para sanar as dúvidas.

      Jorge Luiz Voloski

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  5. Gostei muito do seu trabalho! A preocupação em contextualizar o documento e torná-lo viável para ser aplicado em sala de aula são pontos muito importantes e louváveis. Minha questão é, se você considera ser possível fazer um paralelo com os dias atuais, fazendo os alunos relacionarem o documento trabalhado e o modo como o outro era visto naquele momento por um sujeito específico, com o modo como nos relacionamos ainda hoje com culturas e hábitos diferentes dos nossos. Talvez isso fizesse os alunos refletirem sobre os próprios preconceitos, que muitas vezes são perpetuados pela sociedade ainda hoje. Parabéns pelo trabalho!

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    1. Olá, Fernanda Cequalini,

      Agradeço o tempo disponibilizado à leitura do meu texto e dos elogios destinados a ele também.
      A respeito da sua pergunta, acredito ser possível fazermos paralelos entre o documento e o modo com que nos relacionamos atualmente com o “Outro”, sobretudo se trazermos as “maravilhas”, isto é, as varias noções dos monstros, da magia, do milagre, dos selvagens, entre outras coisas. Certamente, tais debates levariam os alunos a refletirem a cerca de certos preconceitos enraizados na nossa cultura, cujo diferente, isto é, algo variado do padrão estabelecida por determinados grupos, tende a ser visto como ameaça ao estabelecido.
      Anseio ter te ajudado com sua dúvida, caso contrário, estou a disposição para qualquer questionamento.

      Jorge Luiz Voloski.

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  6. Muito obrigada pelo retorno, Jorge! Acredito que a discussão sobre o outro, assim como você pontuou, seja algo necessário para o debate em sala de aula, pra fazer com que os alunos pensem sobre os preconceitos que temos ainda hoje enraizados. Discussões assim são muito importantes.

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