Alisson Eric de Souza Simão Pereira e Carlos Eduardo Martins Torcato

SUBVERSIVOS E LABORIOSOS: A IMIGRAÇÃO CHINESA ATRAVÉS DO JORNAL CORREIO PAULISTANO

     

Introdução

Em meados do século 19, estava em pauta na agenda pública do Brasil a questão servil, fruto do cenário de crise da escravidão e da alternativa imigratória para resolver o problema da mão de obra na lavoura [GONÇALVES, 2017]. Nessa época a economia cafeicultora paulista era a mais pujante do país, o que a levava a atrair mão de obra escravizada de outras partes do país e também a implementação de alguns projetos imigracionistas. O fim do tráfico negreiro e a promulgação da Lei do Ventre Livre tornaram cada vez mais difícil a obtenção de escravizados, o que consequentemente acaba fortalecendo os projetos em busca por uma nova fonte de trabalho [LAMOUNIER, 1988].

A falta de trabalhadores levou a províncias como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais a se reunirem no Congresso Agrícola de 1878 para discutir a adoção do imigrante asiático como substituto para o trabalho escravo [OLIVEIRA, 2018; NASCIMENTO, 2011]. É nesse contexto que a proposta de adoção do imigrante chinês pode ser explicada, como uma alternativa ao mais desejado imigrante europeu. Os chineses eram admirados pela sua resignação no trabalho e os baixos salários, além de algumas experiências de sucesso no Peru e em Cuba com tal nacionalidade [CZEPULA, 2020; RÉ, 2018]. Conduto, as opiniões sobre a imigração chinesa não eram homogêneas, pois uma parcela da sociedade brasileira não enxergava com bons olhos a importação desses indivíduos. Um exemplo disso foi o caso do escritor Machado de Assis que chegou até mesmo a dizer em suas crônicas que um chimpanzé seria uma opção melhor do que os chins, pois este não cruza com as outras raças [RÉ, 2018].

Essa perspectiva deve-se à manifestação de teorias de caráter racial que chegaram na década de 1870. Essas ideias foram selecionadas, adaptadas e utilizadas para pensar a realidade brasileira e ao mesmo tempo para garantir os interesses dos grupos dominantes. Em outras palavras, esse esforço intelectual buscava basicamente produzir um uma teoria racial que comprovasse a viabilidade do Brasil como uma nação:

 

“O desafio de entender a vigência e absorção das teorias raciais no Brasil não está, portanto, em procurar o uso ingênuo do modelo de fora e enquanto tal considerá-lo. Mais interessante é refletir sobre a originalidade do pensamento racial brasileiro que, em seu esforço de adaptação, atualizou o que combinava e descartou o que de certa forma era problemático para a construção de um argumento racial no país” [SCHWARCZ, 1993, p.19].

 

O presente texto propõe a analisar como a imigração chinesa foi abordada no jornal Correio Paulistano a partir de uma abordagem qualitativa. Segundo Tânia Regina de Luca, os periódicos precisam ser analisados do ponto de vista material, levando em consideração o tamanho do jornal, qualidade do papel, a organização das notícias, e do ponto de vista social, atentando para a vinculação política e social do estabelecimento responsável pela sua produção [LUCA, 2005]. Serão consideradas as questões de raça a partir de três esferas diferentes: científica, política e social [MAIO e SANTOS, 2010].

O artigo foi dividido em duas partes: 1ª Análise do periódico Correio Paulistano; 2ª. Apresentar a posição do jornal em relação aos chineses no que se refere à opção chinesa como solução para a questão servil.

 

Uma hora conservador na outra liberal: o jornal correio paulistano

É objetivo deste tópico discutir a inserção social e política do jornal Correio Paulistano, identificando informações sobre os proprietários, as pessoas que trabalhavam nele, as vinculações políticas, linha ideológica e organização [LUCA, 2005].

Fundado na província de São Paulo no dia 26 de junho de 1854 por Joaquim Roberto de Azevedo Marques, o Correio Paulistano durou até o ano de 1963. Assim, ao longo desses 109 anos de história, o correio se caracterizou como um jornal politicamente adaptável, mas que acima de tudo se vinculou na maioria das vezes ao partido conservador [MENDES, 2018; SCHWARCZ, 1987]. Joaquim Roberto de Azevedo Marques, seu proprietário, nasceu em 18 de setembro de 1824 na Comarca de Paranaguá e faleceu em São Paulo em 27 de setembro de 1892, Joaquim Roberto era filho de Joaquim Roberto de Silva Marques com sua prima Ana Vitorina [THALASSA, 2007]. Após a morte de seu pai, Joaquim Roberto e sua família se mudam para São Paulo no ano de 1832. Residindo nessa localidade, o fundador do Correio Paulistano teve uma carreira profissional um tanto quanto variada, se formou em matemática e foi carreirista do exército, onde teve suas primeiras experiências com os jornais. Com isso, podemos dizer que mais para frente Azevedo Marques se tornou dono de dois periódicos, que no caso são o Correio Paulistano e o Comércio [CORREIO PAULISTANO, 1954].

Uma das características mais marcantes dessa folha de notícias é a sua capacidade de se adaptar politicamente. Sendo mais claro, ela sempre buscava se aliar ao partido político que estivesse no poder com o objetivo de garantir sua sobrevivência. Esse fato nos é comprovado por meio das constantes mudanças políticas ao longo do tempo, pois ao longo dos anos este foi conciliador, conservador, liberal, republicano, neutro e conservador. Contudo, mesmo em meio a essas constantes oscilações de alinhamento político, esse estabelecimento jornalístico possuía um perfil caracterizado como sendo sensacionalista e extremamente apegado aos valores conservadores da época. Desse modo, vale salientar que o Correio Paulistano além de ser uma folha de notícias que sempre defendeu os interesses de uma aristocracia rural também se manifestava conservador nas mais variadas questões [SCHWARCZ, 1987]. A análise da trajetória política do dono do jornal reforça a perspectiva que se trata de um jornal conservador [THALASSA, 2007]. 

Em relação à materialidade do jornal, podemos destacar que as primeiras páginas continham um cabeçalho com diversas informações. Divididos em três blocos, sucediam-se as seções de política, folhetins, noticiário geral e de assuntos livres. Já as páginas finais, eram mais voltadas para divulgação de anúncios, como por exemplo: venda de casas, escravos fugidos e propaganda dos mais variados produtos [CORREIO PAULISTANO, 1879]. Tratava-se, portanto, de um típico jornal literário, científico e político de tendência conservadora.

 

Os rumos da imigração chinesa

A notícia que será analisada foi publicada no dia 16 de dezembro de 1879, consistindo em uma parte do interior da seção Crônica política, sem título ou destaque. Trata-se de um texto traduzido e publicado pela Rio News, originalmente publicado pelo periódico britânico Anti Slavery Reporter. Antes mesmo de entrar no tema, é importante destacar a circularidade das informações entre países e jornais. O Anti Slavery Reporter pertencia a British and Foreign Anti-Slavery Society – BFASS, que traduzindo para o português significa Sociedade Antiescravista Britânica e Estrangeira. Ao levar em consideração o nome dessa instituição, somos conduzidos a subentender que essa sociedade tinha como objetivo combater a escravidão [RÉ, 2018]. A BFASS atuava contra a importação de imigrantes chineses para o Brasil, pois esses indivíduos provavelmente seriam explorados aqui, tal como aconteceu em Cuba e no Peru. Ao tomar conhecimento das pretensões do governo brasileiro, a BFASS logo tratou de alertar as autoridades chinesas e britânicas para impedir a vinda desses indivíduos para o Brasil, além disso, ainda denunciou esse esquema no Anti Slavery Reporter [RÉ, 2018].

A notícia abordada encontra-se, portanto, inserida no contexto político de disputa entre Inglaterra e Brasil sobre as formas de organização do trabalho no Atlântico Sul. Logo no início, o jornal indicava mais um fiasco na atuação dos Sr. Sinimbu e Moreira de Barros, em Londres, para a importação de mão de obra chinesa. Depois de mostrar a posição favorável de Joaquim Nabuco e do conselheiro Sinumbu, o jornal transcreveu a seguinte correspondência do embaixador chinês:

 

“British and Foreign Anti-Slavery Society'' dirigiu um segundo protesto ao ministro da China, em Londres, contra a introdução de trabalhadores chineses no Brasil. A resposta a esse protesto foi a seguinte: Relação chinesa em Londres, 6 de novembro de 1879. – Senhores: Em resposta a comunicação que tão graciosamente dirigiram ao sr. ministro da China, em 4 do corrente, cabe-me dizer que fui por s. ex. encarregado de lhes apresentar os seus sinceros agradecimentos e ao mesmo tempo assegurar-lhes que o governo chinês está inteiramente de acordo com a comissão a respeito de não tratar de modo algum da questão da imigração chinesa” [Correio paulistano, 16/12/1879, p.1].

 

O trecho transcrito parece evidenciar a falência da empreitada brasileira na busca por imigrantes collies, graças à acolhida da demanda inglesa pelas autoridades chinesas. A publicação indica que o jornal Correio Paulistano é contra a imigração de chineses, algo que poderia indicar uma bússula da orientação política dos jornais, se a gente entender qual era o posicionamento dos partidos da época em relação ao tema.

Segundo José M. de Carvalho, o partido conservador abrigava principalmente os fazendeiros da grande agricultura de exportação, além disso, foi responsável pelas principais leis de reforma social, como as leis abolicionistas. Entretanto, é relevante salientar que partido conservador de São Paulo liderado por Antônio Prado só veio a apoiar o fim da escravidão nos momentos finais desse regime [CARVALHO, 2008].

As figuras Visconde de Sinimbu, Conselheiro Moreira de Barros e Joaquim Nabuco, criticados na notícia, eram conhecidos liberais. Mas não é possível concluir com isso que a defesa da imigração chinesa seja uma bandeira liberal, pois a questão servil era uma pauta polêmica. O partido conservador, ao representar os latifundiários exportadores, era um dos interessados em uma solução para a falta de fluxo de mão de obra gerada pelos bloqueios ingleses. Um dos argumentos entendidos como humanistas, logo liberais, era a defesa da escravidão dos coolies, que seriam os substitutos dos negros na estrutura escravocrata [Ré, 2018]. Quem articulou a bancarrota do projeto de imigração de trabalhadores chineses na ocasião foi a BFASS.

O restante da notícia indica que as negociações entre o governo chinês e brasileiro em relação ao desenvolvimento da importação de coolies está completamente fora de cogitação:

 

“A comissão supõe que o governo chinês vai entrar em negociações com o governo do Brasil acerca da importação de trabalhadores chineses naquele país. S. Ex. porém ordena-me dizer que tal não há, que o seu governo em resposta às diligências do governo brasileiro, declina resolutamente travar discussão sobre aquele assunto debaixo de qualquer forma que seja” [Correio paulistano, 16/12/1879, p.01].

 

Após isso, o texto acaba por concluir que o governo chinês optou por não dar continuidade às negociações de importação desses trabalhadores para qualquer país estrangeiro. Aparentemente, isso deve-se por dois motivos, uma são constantes reclamações realizadas pelas comissões e o outro são os inquéritos de trabalho desses indivíduos. O artigo ainda destaca que as proibições do Império Celeste não têm eficácia sobre a movimentação dos trabalhadores chineses.

 

“E nem nos parece que estas convenções são necessárias, uma vez que a experiência tem mostrado que para qualquer parte onde seus trabalhos são justamente remunerados, os chineses vão espontaneamente” [Correio paulistano, 16/12/1879, p.01].

 

Contudo, para a nossa reflexão se tornar completa é indispensável pensar as teorias raciais dentro desse contexto. Conforme foi falado pela historiadora Lilia M. Schwarcz, esses modelos de análise buscavam pensar um projeto nacional para o Brasil por meio da questão racial, em outras palavras, a noção de raça tomava nesse momento um papel central no destino do país. Com isso, essas ideias foram adaptadas para justificar o problema da mão de obra e ao mesmo tempo garantir a conservação de uma estrutura social. Contudo, se por um lado esses modelos de análise permitiam estabelecer uma estrutura baseada nas diferenças sociais, por outro, acabava questionando e inviabilizando uma proposta de transformação nacional que se alicerçava na miscigenação. Assim, essa inviabilização do projeto nacional acontecia devido a visão negativa que essas teorias raciais possuíam em relação à miscigenação [SCHWARCZ, 1993].

Em vista disso, vale acrescentar que nessa conjuntura o imigrante ideal seriam europeus possuidores de determinadas qualidades, que no caso são a noção do trabalho agrícola, a moralidade e empenho no trabalho, ou seja, estrangeiros de raças vigorosas. Levando essas características em consideração, percebemos que os trabalhadores chineses são colocados como inadequados para a lavoura brasileira Todavia, com a chegada das décadas de 1870 e 1880 foram se manifestando dificuldades na obtenção de imigrantes, tal fato acabou levando ao surgimento de uma proposta de imigração de transição. Sendo mais direto, a imigração chinesa serviria de ponte do trabalho escravo para o livre e ao mesmo tempo criaria as condições adequadas para a vinda dos imigrantes europeus. Existia um projeto que em um momento colocava o elemento chinês como racialmente inferior, porém, no outro, alegava que esses indivíduos poderiam servir temporariamente para  o trabalho na lavoura. Essa proposta se respaldou na percepção de que esse grupo não se enquadra como um imigrante permanente por ser egoísta, atrasado e incapaz, todavia, se mostrava uma opção melhor do que o uso de africanos por serem superiores racialmente [AZEVEDO, 1987].

A ideia de raça estava enraizada em pilares científicos, políticos e sociais. O primeiro garante a legitimidade da noção de raça, o segundo permite o uso político desse conceito e o terceiro, está ligado ao impacto concreto que a noção de raça tem em uma população [MAIO e SANTOS, 2010]. Desse modo, buscaremos enxergar a importação de chins através da união dessas três esferas.

Logo, vemos que em meio a esse cenário de declínio da escravidão, de preocupação com a importação de braços para a lavoura e de teorias raciais, surge discretamente uma proposta de se utilizar os chins como força de trabalho. Esse projeto se insere dentro dos três domínios apresentados mais acima, pois as teorias raciais que se apoiavam na ciência tinham o papel de desclassificar os asiáticos como trabalhadores permanentes; o âmbito político se responsabilizava pelas relações de importação/diplomáticas e por fim, o lado social é a forma como o Correio Paulistano compreende toda essa discussão acerca do chinês.

 

Considerações finais

Em síntese, a partir da análise proposta percebe-se que o Correio Paulistano se colocou ridicularizando a atuação do partido liberal na viabilização da empresa, porém não necessariamente era contra a chegada dos braços asiáticos. Ao levarmos em conta aspectos como a ligação política do jornal, o destaque dado ao artigo, a conjuntura da notícia, à temática do texto e último parágrafo da publicação, subentendemos que o Correio implicitamente apoia a imigração de chineses como uma força de trabalho temporário. A discussão racial permite incluir outros elementos no cálculo político e a adequação, ou não, da mistura racial com povos mongólicos.

 

Referências

Alisson Eric de Souza Simão Pereira é graduado em História e mestrando em Ciências Sociais e Humanas (PPGCISH) pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Carlos Eduardo Martins Torcato é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do departamento de História e do PPGCISH pela UERN.


AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

CARVALHO, José Murilo. A construção da ordem: a elite política imperial e Teatro das sombras: a política imperial. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2008.

CZEPULA, Kamila Rosa. A questão dos trabalhadores "chins": salvação ou degeneração do Brasil? (1860-1877). Anuario Colombiano de Historia Social y de la Cultura , v. 47, n. 1, pág. 303-325, 2020.

GONÇALVES, Paulo Cesar. Escravos e imigrantes são o que importam: fornecimento e controle da mão de obra para a economia agroexportadora Oitocentista. Almanack, p. 307-361, 2017.

LAMOUNIER, Maria Lúcia. Da escravidão ao trabalho livre: A lei de locação de serviços de 1879. Campinas: Papirus, 1988. 

LUCA, Tânia Regina. História dos, nos e por meio dos periódicos. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, p. 111-153, 2005.

MAIO, Marcos Chor. Raça, Doença e Saúde Pública no Brasil: um debate sobre o movimento higienista do século XIX. In: MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura. Raça como Questão: história, ciência e identidades no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da FIOCRUZ, 2010, p.51-82.

MENDES, Mirian Lucia Brandao. A construção descritiva do racismo no século XIX: um estudo dos jornais Correio Paulistano e A Redempção. 2018.

NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. Os congressos do Rio de Janeiro: fatores históricos determinantes da proposta de criação de escolas. 2011.

OLIVEIRA, Maysa Silva. Paralelo Brasil-Cuba: um estudo sobre a imigração chinesa 1840-1890. 2018.

RÉ, Henrique Antonio. Os esforços dos abolicionistas britânicos contra a imigração de chineses para o Brasil no final do século XIX. Varia Historia, v. 34, n. 66, p. 817-848, 2018.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SCHWARCZ, Lilia. Retrato branco e negro: Jornais, escravos e cidadãos em São Paulo no final do século XIX. São Paulo: Companhia das letras, 1987.

THALASSA, Ângela. Correio Paulistano: O primeiro diário de São Paulo e a cobertura da Semana de Arte Moderna: O jornal que “não ladra, não cacareja e não morde.PUC, São Paulo, 2007.

 

Fontes

Correio Paulistano, 26/06/1954, p.07.

Correio Paulistano, 16/12/1879, p.01.

10 comentários:

  1. Olá, parabéns pelo trabalho.
    Eu gostaria de focar minha pergunta um pouco mais na questão das teorias raciais.
    Vocês demonstram, a partir da análise do Correio Paulistano, como a imigração chinesa acaba sendo defendida como uma mão de obra temporária ou de transição, pela própria dificuldade de obtenção de outros imigrantes. Pensando nas teorias de branqueamento, o Brasil que em três gerações deveria ser branco, como era vista a chegada do imigrante chinês? Também como uma etapa intermediária e de transição ao branqueamento da população do país, já que eram considerados uma "raça superior" aos africanos, ou não, a miscigenação com os povos “mongolóides” ia totalmente contra o projeto de Brasil branco pensado pelas elites? Gostaria de saber se essa questão também teve relevância nos debates travados nos jornais sobre a imigração chinesa?
    Desde já, obrigado pela atenção.

    André Araújo de Menezes

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    1. Olá, obrigado pelos questionamentos. Respondendo a sua primeira pergunta, podemos dizer que o imigrante chinês era visto como uma opção provisória tendo em vista a dificuldade de se obter trabalhadores europeus em meio a esse contexto de desarticulação do sistema escravocrata. Sobre a questão do chinês como um grupo racial intermediário, eu penso que o projeto racial brasileiro tinha como prioridade o trabalho branco, europeu e civilizado, em outras palavras, os chins não estavam inseridos no futuro do país. Por fim, respondendo a última pergunta, existia nos jornais um grande receio da degradação que a imigração chinesa poderia ocasionar no país. Assim, esse receio surgia através de um discurso que os associava ao vício, ao ópio, ao jogo e à lascívia. Por outro lado, eles eram reconhecidos como uma potente força de trabalho com baixos salários e que seriam perfeitos para substituir o trabalho dos escravizados.

      Att. Alisson Pereira e Carlos Torcato

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  2. Olá, obrigado pelos questionamentos. Respondendo a sua primeira pergunta, podemos dizer que o imigrante chinês era visto como uma opção provisória tendo em vista a dificuldade de se obter trabalhadores europeus em meio a esse contexto de desarticulação do sistema escravocrata. Sobre a questão do chinês como um grupo racial intermediário, eu penso que o projeto racial brasileiro tinha como prioridade o trabalho branco, europeu e civilizado, em outras palavras, os chins não estavam inseridos no futuro do país. Por fim, respondendo a última pergunta, existia nos jornais um grande receio da degradação que a imigração chinesa poderia ocasionar no país. Assim, esse receio surgia através de um discurso que os associava ao vício, ao ópio, ao jogo e à lascívia. Por outro lado, eles eram reconhecidos como uma potente força de trabalho com baixos salários e que seriam perfeitos para substituir o trabalho dos escravizados.

    Att. Alisson Pereira e Carlos Torcato

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  3. Boa tarde,
    Lhe dou os parabéns por seu trabalho.
    Vi que você é mestrando em Ciências Sociais e Humanas (PPGCISH) pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e me perguntei, se esse é o seu objeto de pesquisa no mestrado. Se sim, qual a sua problemática de pesquisa. Caso não seja, como você chegou até esse objeto para desenvolver este artigo? Você acha que poderá desenvolver mais acerca do tema tomando como fonte apenas os artigos de jornais? Ou pretende usar outras fontes de cotejo?
    Lhe parabenizo novamente,
    Tenha uma ótima semana,
    att: Krishna Luchetti

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    1. Olá, agradeço pelo interesse no trabalho e também pelos questionamentos. Respondendo a primeira pergunta, o meu atual objeto de pesquisa está relacionado com a imigração chinesa e com as teorias raciais presentes no Brasil do século XIX. Sobre a segunda pergunta, a minha problemática consiste em tentar entender como as teorias raciais enxergavam os imigrantes chineses e se estes tinham algum papel na constituição racial do Brasil. Respondendo as duas últimas perguntas, eu venho desenvolvendo pesquisas sobre imigração, escravidão e teorias raciais através do jornal Correio Paulistanos desde a graduação, contudo, no mestrado, eu optei por focar na imigração chinesa e explorar um novo tipo documental, que no caso são relatórios sobre a imigração no Brasil. Caso surja mais algum questionamento, deixo o meu e-mail para contanto: alissoneric18@hotmail.com

      Att, Alisson Eric de Souza Simão Pereira

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    2. Agradeço pelas respostas! Lhe parabenizo novamente por seu trabalho!

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    3. Obrigado pelas perguntas e pelo interesse no tema.

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  4. Achei o trabalho MARAVILHOSO. Mesmo sem ter uma pergunta, tive que deixar o meu comentário, parabenizando a produção e estudo dele.

    Att: Emanoel Alcides da Silva

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    1. Boa noite, fico muito feliz que tenha gostado do trabalho. Caso surja algum questionamento sobre a temática deixo o meu e-mail para contato: alissoneric18@hotmail.com

      Att: Alisson Eric de Souza Simão Pereira

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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